Em outras colunas já escrevi e reiterei várias vezes o peso do agronegócio dentro da economia brasileira. No primeiro trimestre deste ano, o setor evoluiu 12,2% em relação ao trimestre anterior, o último de 2024, destacando-se também a evolução da agroindústria, que agrega empregos, serviços e tecnologia. A evolução do agronegócio em dados concretos mais uma vez comprova, ao contrário do que muitos pensam, que o setor é fundamental para o crescimento do país e para a sustentação da economia pujante do país no setor privado, e arcaica de métodos governamentais.
O agronegócio é fascinante não somente pelo seu tamanho e pela sua importância para o Brasil, mas também pela sua diversidade. O tamanho continental do nosso país proporciona diversas formas de praticar o agronegócio, com condições climáticas muito distintas entre as regiões, o que nos permite produzir praticamente de tudo — de sul a norte, as mais diferentes variedades de cereais, carnes, frutas, vegetais e legumes. O Brasil só não é autossustentável no agronegócio porque as políticas públicas sobre a cadeia de manutenção do setor são péssimas. A falta de incentivo em setores específicos ainda nos forçam a depender de importações em determinados itens, como o arroz e o milho do Paraguai e da Argentina, pela ausência de uma logística adequada dentro do nosso país.
O governo federal anunciou recentemente um novo programa social, que vai conceder isenção da tarifa de luz para famílias de baixa renda. A energia elétrica tem sofrido, nos últimos anos, muitos reajustes, o que realmente tem feito a conta pesar para muitas famílias brasileiras. A Aneel também destaca que a conta de luz tem aumentado mais do que a inflação medida pelo IPCA e pelo IGP-M, com os encargos setoriais (como a Conta de Desenvolvimento Energético) tendo um aumento significativo. Aqui cito a conta de luz, mas poderia mencionar tantas outras tarifas que sofreram reajustes muito altos na última década, elevando o custo de vida das famílias.
Políticas sociais são importantes e interessantes para quem tem necessidade. Promovem inclusão e geram igualdade, e jamais me oporia a elas. Porém, é preciso ressaltar que o governo federal promove política social num modelo de “toma lá, dá cá”. Nisso faço referência ao que escrevi no título, sobre a “política do empobrecimento”. Quando o governo faz políticas de inclusão social — e todos os governos fizeram desde a redemocratização — precisa haver um planejamento, um orçamento livre e destinado para tal finalidade. Não é viável criar os “tampões” que o atual governo propõe: tira de um grupo e realoca para outro, pois alguém sempre acaba sofrendo.
Na questão da tarifa de energia, foi exatamente isso que aconteceu. Para cobrir o rombo orçamentário daqueles que não vão mais precisar pagar a conta, a tarifa subiu para outro grupo — justamente aquele que já paga a maior parte das contas do governo: a classe média e os empresários. Medidas como essa têm se tornado recorrentes. Sob o discurso de justiça social, transfere-se o custo dos programas governamentais. O governo posa de mocinho, defensor dos necessitados, quando, na verdade, apenas empurrou a bronca para a iniciativa privada, através de taxações e mais tarifas.
Essas medidas, como tantas outras de auxílio, são vendidas como progresso social, mas escondem algo muito grave: o empobrecimento silencioso de quem produz, investe, trabalha e paga a conta. A classe média brasileira não é rica. Ela sustenta o consumo interno, gera empregos, paga escola, saúde, segurança e previdência. Quando se transferem encargos de forma indireta por tarifas, tributos embutidos ou distorções regulatórias, sem transparência ou debate, o efeito é mascarado: reduz-se a capacidade de investimento e aniquila-se o crescimento.
A praticamente um ano do início das campanhas para o Legislativo Federal, governador e presidente, as movimentações am a se intensificar a cada dia, mesmo que, muitas vezes, de forma sutil e indireta. A nível estadual, temos, de forma natural, o governador Jorginho Mello construindo seu caminho para buscar a reeleição. Ele tem visitado as regiões do estado, entregando obras, alimentando sua base e fortalecendo-a, fazendo muito bem seu dever de casa. Ao meu ponto de vista, vai ser difícil conseguir derrotá-lo na eleição do próximo ano — não impossível.
Jorginho já considera convidar o prefeito de Florianópolis, Topázio Neto, para compor como seu vice. No entanto, para isso, precisaria convencer o PSD a aceitar sua proposta. O PSD, por sua vez, segue consolidando, em uma estrada muito sólida, a candidatura do prefeito de Chapecó, João Rodrigues. A intenção do prefeito chapecoense de concorrer é avalizada pelo diretório nacional do PSD e pela maior parte das lideranças estaduais. Resta saber se os movimentos de convergência do governador vão surtir efeito. Nesse cenário, João aria a disputar uma cadeira no Senado Federal e, naturalmente, seria o candidato a governador do grupo em 2030.
Se isso fosse aceito, o PL teria outros problemas, como a inviabilização da candidatura de Carol de Toni ao Senado, que também já é dada como certa. Afinal, não sairiam dois candidatos ao Senado de Chapecó. Vale lembrar que, na eleição do ano que vem, se renovam duas das três cadeiras de Santa Catarina no Senado. Uma junção do bloco de centro-direita em Santa Catarina praticamente encerraria a eleição antes mesmo dela começar. No entanto, abriria margem para problemas na composição das candidaturas. Partidos grandes como MDB, PP e União Brasil — que estariam no mesmo bloco, já que apoiam Jorginho ou João — não teriam todos vaga na chapa majoritária, composta por governador, vice e dois senadores. Alguém, inevitavelmente, acabaria ficando de fora. Como ajustar?
Abraços, até semana que vem!