Sábado, dia 22, no Manchini Eventos, na Linha Laranjeira, aconteceu a festa das Bodas de Diamante de Ana Amália e Aloisio Hahn, de Linha Sede Capela.
Ana Amália e Aloísio casaram no dia 24 de fevereiro de 1965.
Aloísio nasceu em 03 de maio de 1943, em Bom Princípio (RS-SC), filho de uma família de 13 irmãos. Ana Amália nasceu em 09 de junho de 1945, em Itapiranga (SC), em uma família de 9 irmãos.
Eles se conheceram na adolescência, no início dos anos 1960. Eram amigos e estudavam na mesma escola, e participavam ativamente das atividades comunitárias. O destino os aproximou em 1º de janeiro de 1962, durante um baile na comunidade, onde dançaram e trocaram olhares apaixonados, selando o prenúncio dessa história.
Entretanto, Aloísio estava convocado para o serviço militar no Rio de Janeiro e partiria no dia seguinte. Mas eles prometeram se reencontrar e iniciar um namoro sério assim que ele retornasse do Exército.
A viagem para o Rio de Janeiro foi longa e cansativa, dividida entre ônibus, trem e, por fim, uma travessia de navio até chegar ao quartel. Ali, ele serviu na guarda presidencial, já que a sede do governo ainda se localizava no Rio de Janeiro. Esse período foi repleto de descobertas e valiosas experiências, mas também marcado por uma profunda saudade da família e, especialmente, de Amália.
Para aliviar a distância, inúmeras cartas foram trocadas, mantendo acesa a chama do amor. Apesar das oportunidades que surgiram após o serviço militar — incluindo a possibilidade de viajar até o Canal de Suez ou permanecer trabalhando no Rio de janeiro — algo falava mais alto: o compromisso de voltar para quem o aguardava com tanto afeto.
Então, cumprindo a promessa, no final do ano de 1962, Aloísio voltou para reencontrar sua amada Amália, firmando um compromisso de namoro, noivado e, em 24 de fevereiro de 1965, uniram-se em matrimônio na Igreja São José de Sede Capela, Itapiranga.
A cerimônia foi celebrada pelo padre Felipe Kroetz. Também contaram com a presença do padre Lino Sthal, que naquela época vivia no Japão (ainda é vivo e está com 102 anos). Ele era conhecido e amigo da família e estava de férias.
A festa ocorreu na casa dos pais de Ana Amália, com direito a sopa de entrada, churrasco e muita alegria. No dia seguinte, após Amália deixar a casa de seus pais organizada, a roupa lavada, partiram de carroça para a nova casa levando poucos pertences, algumas galinhas e uma vaca de leite, chegando ao anoitecer.
Aloisio e Ana Amália, eram filhos de agricultores. São agricultores até os tempos atuais. No início construíram uma pequena casa de madeira, mas grande o suficiente para dar início e abrigar e ser o lar de uma nova família.
Amália era a filha mais nova, e, por vários anos, aos sábados e domingos retornava à casa dos pais para auxiliar nos serviços de casa. Mais tarde, quando o volume de serviço na sua propriedade não permitia mais, as filhas mais velhas eram liberadas para auxiliar a vovó Ana Elisabeth Sehnem nos finais de semana. E Seu Aloísio, era requisitado pelo vovô Albano Hahn para auxiliar nos negócios. Um fato curioso, e que marcou com muitas memórias afetivas: Vovô Albano frequentava a casa de Aloisio todos os dias, enquanto a saúde lhe permitia.
O primeiro ano de casados (1965) trouxe muitos desafios: derrubar o mato, realizar o plantio, enfrentar uma das maiores enchentes da região e um inverno muito rigoroso. Mas veio também a primeira grande alegria: o nascimento da primogênita em 06 de janeiro de 1966. No total, chegaram 11 filhos (7 meninas e 4 meninos): Margarida, Nilza, Selma, Neusa, Nilson, Mirna, Milton (in memorian), Marli, Mauro, Fábio e Cláudia; além de 20 netos e cinco bisnetos que hoje se sentem imensamente honrados em vivenciar este marco de 60 anos de casamento.
Nos primeiros anos a família praticava a agricultura de subsistência. Tudo era feito de forma manual, com foice, enxada e arado puxado a boi. A produção destinava-se ao sustento familiar e a pequenas vendas para subsidiar e custear as atividades da propriedade. Ainda nos primeiros anos, até formar a propriedade enfrentaram a devastação da lavoura e plantas frutíferas pela formiga saúva. Foram tempos difíceis, até descobrir meios de eliminar as formigas e fazer a lavoura produzir.
Pouco a pouco, graças ao espírito empreendedor de Aloísio, a dedicação de Amália, e com o auxílio dos filhos, a propriedade foi se modernizando. A propriedade nunca parou no tempo. A família sempre em busca de novos conhecimentos, esteve atenta às novas tecnologias. Aloísio, participou por muito tempo de capacitações técnicas realizadas pela antiga ACARESC, onde aprendeu técnicas de conservação de solo, curvas de nível, e por muito tempo foi multiplicador destas técnicas na comunidade, bem como na propriedade.
Na década de 1980 e 1990 novas práticas conservacionistas foram implantadas na propriedade como cobertura do solo com plantio de aveia, tremoço, nabo forrageiro, azevém, entre outros e adotou-se o plantio direto. Também foi implantada a atividade leiteira, com vacas de boa genética e alta produção, a prática da inseminação artificial, acompanhamento de um veterinário e ou-se a fazer silagem. Essas atividades proporcionaram um maior giro econômico na propriedade e novos investimentos, como melhoria da casa da família, e mais conforto para todos. Hoje a propriedade conta com uma boa infraestrutura, equipamentos modernos, tudo para torná-la autossustentável também devido à diminuição da mão de obra. Atualmente produz-se milho para silagem, grão, soja, atividade leiteira e confinamento de gado. Junto com Aloisio e Amália a propriedade é gerenciada pelos filhos Nilson e Fabio.
Nestes 60 anos de vida convivida em família foram criadas muitas memórias afetivas, vividas muitas coisas boas e também momentos bem difíceis.
Com os pais, os filhos aprenderam a exercer a fé cristã, prezando pela oração em família e a participação dos atos de fé na comunidade. Em família era sempre prezado por: horário para alimentação, horário para fazer os temas, roda do chimarrão, todos eram ouvidos, também os momentos de planejamento das atividades rotineiras da propriedade, avaliação e puxões de orelha para aqueles que tinha saído do sério.
Os filhos eram educados e incentivados à cuidar da saúde.
A família presenciou a chegada de energia elétrica, a evolução dos meios de comunicação, a transformação nos estudos e nos costumes.
Amália na juventude tinha o sonho de ser professora. Não pode realizá-lo devido às circunstancias da época. O seu sonho de ser professora se realizou de forma muito especial: todos os 11 filhos conseguiram estudar, e hoje atuam em diversas áreas de formação: educação, istração e empresas rurais, atuação no comércio e indústria, gestão pública.
Assim, cada um encontrou seu caminho, e todos carregam a marca de quem aprendeu, em casa, valores como honestidade, solidariedade e trabalho em equipe.
Atualmente, a maioria dos vinte netos também já são formados e atuam em diferentes áreas, alguns já com Especialização, Mestrado e Doutorado. Os 5 bisnetos: Lucca, Lisa, Maria Luísa, Adriel e Ana Vitória, também já estão frequentando a escola.
Todas as conquistas da família se deram em conjunto e com o esforço de todos. Aloisio e Amália sempre zelaram pelo capital mais precioso: a família, a saúde, boa alimentação, círculo de amizades, o envolvimento em atividades saudáveis, o espirito e exercício de liderança. Ensinaram os filhos a compartilhar, dividir, conviver entre iguais e o diferente desde muito cedo. Exemplo que trouxeram das suas famílias.
Foram 60 anos de muitas alegrias, conquistas, mas também dificuldades. Certamente o momento mais difícil enfrentado em família foi a doença e a morte repentina do filho Milton. Este fato deixou a família sem chão, desnorteada. Mas com fé esta dor é amenizada e Milton é sempre lembrado com muito carinho nos encontros de família, como nas Bodas de Diamante. “Nunca morre quem continua presente em nossas memórias”.
Contar com os pais, sua jovialidade, animação e acolhimento, é motivo de muita gratidão. Poucas “grandes famílias” tem este privilegio. Todos os anos se reúnem no Natal e fazem o encontro da família (iniciativa do Milton, in memoriam): pais, filhos, genros, noras, netos e bisnetos, para agradecer e fazer a festa em família.
Aloísio e Ana Amália não pararam no tempo, acompanharam na medida do possível as evoluções tecnológicas, e estão na ativa até hoje. Participam do grupo de idosos da comunidade de Sede Capela já há 18 anos sempre envolvidos na diretoria e se ocupando com alguma atividade em que se sentem uteis. Em casa, acompanham as atividades da propriedade e mantem-se ativos. Ocupam-se com o cultivo das culturas de subsistência, o cuidado da horta, no preparo da comida e guloseimas.
Nestes 60 anos muito fizeram, muito vivenciaram, muitos amigos conquistaram, a exemplo de Padre Ivo Mueller, presente nas Bodas. Ele inclusive celebrou o casamento de várias filhas do casal e realizou o batismo de vários netos. Mesmo morando distante nos últimos 30 anos, sempre que vinha para o sul, fazia uma visita a família Hahn, que se sente muito grata.
“Ana Amália e Aloísio! Parabéns pelos 60 anos de casamento! Que a luz do diamante continue iluminando seus corações e que Deus lhes conceda saúde e muitos outros momentos de celebração em família. Vocês são um legado vivo de que o amor verdadeiro existe e pode se fortalecer ao longo do tempo. Somos imensamente gratos por tudo. Que venham mais anos de felicidade, união e bênçãos em suas vidas!”
Com todo amor e gratidão, seus filhos, genros, noras, netos e bisnetos.
Fonte: Margarida Hahn Bregalda


