Transportando o bem mais precioso: vidas
No dia 25 de julho, motoristas comemoram seu dia, juntamente com os colonos. Tendo São Cristóvão como padroeiro, os profissionais do volante levam uma rotina nada fácil diante dos desafios de um trânsito cada vez mais caótico. Os motoristas das Secretarias Municipais da Saúde, além de trabalhar com o “pé na estrada”, lidam com o transporte mais precioso: vidas. Todas essas vidas transportadas, buscam algo em comum: a saúde. A maioria dos profissionais, mesmo vários acordando quando a cidade ainda dorme e outros indo dormir quando muitos estão acordando, fazendo plantões extensos, viagens de urgência e emergência, definem como prazerosa a profissão.
Para homenagear esta nobre profissão, convidamos alguns motoristas atuantes nas secretarias da saúde dos 5 municípios de circulação do semanário impresso, para falar sobre os desafios diários.
Segue o relato neste posts, de dois motoristas que atuam a mais tempo na Secretaria de Saúde
Elói Rhoden – Tunápolis

“O motorista da saúde é de tudo um pouco”
“Sou Elói Rhoden e trabalho como motorista em Tunápolis desde o ano de 1992. Naquele ano meu pai, Selvino Rhoden, adoeceu e eu entrei como motorista de transporte escolar para substitui-lo e aqui estou até hoje. Migrei como definitivo para motorista da Secretaria da Saúde no ano de 2001. Antes disso, intercalava entre escolar e saúde, levando pacientes a São Miguel do Oeste principalmente.
Na época estávamos longe de ter veículos como os de hoje. Para darmos mais conforto ao paciente, improvisamos um banco de madeira, forrado com espuma, que cabia bem certo entre os bancos da Kombi da prefeitura. Desta forma conseguíamos improvisar uma cama para o transporte de pacientes que necessitavam ir deitados. Não era muito confortável, mas era melhor do que ir no banco do carro, pois até então levávamos no banco do carona do golzinho que o município tinha. Lembro-me que deitávamos o encosto do banco bem para trás e ali a pessoa ia, meio que deitada, com o soro, quando necessário. Levávamos assim até Porto Alegre, Florianópolis, enfim, para aonde precisava.
Nos anos 90 e início dos anos 2000 era muito mais difícil trabalhar, isso por vários motivos, a começar porque os veículos eram simples, de conforto mínimo, não tínhamos as tecnologias de comunicação que temos hoje, como WhatsApp e celular, a comunicação com o Posto de Saúde se dava por meio do uso de orelhões que encontrávamos nas cidades. Celular, Google Maps ou GPS não existiam. A nossa fonte de pesquisa eram os mapas e outros motoristas que já conheciam o trecho. Destaco aqui meu amigo e ex-colega Ailson Wink, o Nego, que me ajudou muito na época. No mais, o jeito era parar em postos de combustível e pedir informação para ver se estávamos no caminho certo. Quando um veículo estragava, a única opção era esperar algum motorista parar para oferecer socorro. Era contar com a sorte. Para se ter uma ideia, se tudo isso já não fosse desafio suficiente, também, na época, era nosso dever buscar os corpos de pacientes que vinham a óbito. Trazíamos o caixão dentro da Kombi. Não existia a opção dizer não vou. Perdi a conta de quantos busquei em Chapecó, Porto Alegre, Florianópolis e outros locais distantes. Eram realmente tempos muito desafiadores para a nossa profissão. Mais tarde entrou a questão das funerárias serem responsáveis por buscar os corpos de pessoas falecidas, isso foi um alivio para nós motoristas. Na época, a gente chegava de viagem início da noite, procurava o mecânico para fazer alguma manutenção do carro ainda de noite, porque na manhã seguinte já precisava sair viajar novamente. A única vantagem da época, se comparado com hoje, era a questão do trânsito, que era muito menor que atualmente. Hoje o trânsito está muito perigoso. Sempre falo que a gente sai viajar, mas nunca sabe se realmente vai voltar, embora sempre buscamos ter cuidado na estrada, principalmente com relação aos outros motoristas, que muitas imprudências cometem.
Sobre a profissão hoje, posso afirmar que o motorista da saúde é de tudo um pouco. Ele é um pouco psicólogo, um pouco socorrista, amigo, conselheiro, enfim, muitas coisas, pois o paciente espera a nossa ajuda, se lamenta, desabafa, precisamos estar preparados para tudo isso. Ser Motorista da Saúde exige que você realmente vista a camisa da profissão. Penso que você precisa gostar de estar a serviço/disposição das outras pessoas para exercer a profissão, pois são horas e horas de estrada, acordado. Ser motorista da saúde é, por muitas vezes, dormir pouco e dirigir muito. É, muitas vezes, deixar a tua família e amigos de lado para não deixar nenhum munícipe desamparado. Essa rotina é 24 horas por dia. A gente, de fato, vive a profissão. Ao longo destes anos todos posso afirmar que já vivi e vi praticamente de tudo. Pretendo continuar enquanto minha saúde permitir, porque realmente tenho paixão pelo que faço.
Quero aproveitar e parabenizar todos os amigos colonos e colegas motoristas pela agem do nosso dia”.
César Welter – Itapiranga

“O motorista da Saúde transporta o bem mais valioso que é a vida”
“Meu nome é César Welter, popularmente conhecido como Maninho, tenho 48 anos, sou casado e tenho duas filhas. Trabalho na função de motorista na Prefeitura Municipal de Itapiranga há 30 anos, sendo 20 deles dedicados à Secretaria Municipal de Saúde.
Posso afirmar que me identifiquei muito transportando e auxiliando os pacientes do município. O motorista da Saúde transporta o bem mais valioso que é a vida de cada pessoa que está em busca da recuperação de sua saúde. Na minha função acabo conhecendo muitas pessoas, seus problemas e suas angustias. Também tem seus momentos bons onde fizemos diversos amigos entre pacientes e colegas de profissão.
O motorista de Saúde enfrenta muitos problemas no seu dia a dia, estradas ruins, imprudências no transito, condições climáticas que dificultam muito, tais como neblina e chuva. Principalmente quando se transporta o paciente em um momento que necessita de um transporte de emergência, onde o momento de sofrimento do conduzido deixa o motorista na obrigação de levar o paciente com mais agilidade, mas não deixando de lado a segurança do paciente, bem como a do próprio motorista.
Quero agradecer o espaço e aproveitar para parabenizar todos os Colonos e Motoristas pela agem dessa data tão importante, assim como é a profissão de cada um.”
Suelen Dapper/ Jornal Expressão