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sexta-feira, maio 23, 2025
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RECOMEÇO: uma vida transformada pelo transplante renal

No mês de março foi comemorado o Dia Mundial do Rim. A data, idealizada pela International Society of Nephrology (ISN), é comemorada anualmente na segunda quinta-feira do mês de março. Os principais objetivos da data são aumentar a conscientização sobre a crescente presença de doenças renais em todo o mundo e a necessidade de estratégias para a prevenção e o gerenciamento dessas doenças.

Os rins são responsáveis por filtrar e limpar o sangue das impurezas e controlar o excesso de água no corpo. O funcionamento regular desse órgão é vital para nossa sobrevivência, pois também mantem o equilíbrio das substâncias minerais do corpo (sódio, potássio e fósforo); liberam hormônios para manter a pressão arterial, regulam a produção de células vermelhas no sangue e ativam a vitamina D, que mantém a estrutura dos ossos.

Estima-se que haja atualmente no mundo 850 milhões de pessoas com doença renal, decorrente de várias causas. A Doença Renal Crônica (DRC) causa pelo menos 2,4 milhões de mortes por ano, com uma taxa crescente de mortalidade. No Brasil, a estimativa é de que mais de 10 milhões de pessoas tenham a doença.

Insuficiência renal é a condição na qual os rins perdem a capacidade de efetuar suas funções básicas. A insuficiência renal pode ser aguda, quando ocorre súbita e rápida perda da função renal, ou crônica, quando esta perda é lenta, progressiva e irreversível.

Fonte: Ministério da Saúde

Um exemplo de esperança e luta

Kérison Schaefer, 25 anos, morador da comunidade de La São Sebastião, conta parte da sua história. Ele foi diagnosticado com insuficiência renal crônica aos 20 anos e submetido ao transplante de rim, considerada a melhor forma de tratamento para pacientes portadores de insuficiência renal crônica em sua fase terminal, estando em diálise peritoneal, hemodiálise ou fase pré-dialítica, sendo uma opção completa e efetiva para que os pacientes possam ter melhor qualidade de vida, já que o novo órgão é capaz de executar suas funções normalmente.

Expressão: Quais foram os primeiros sintomas?

Kérison: Em verdade, poucos foram os sintomas, nada que tenha afetado diretamente minha qualidade de vida, de tal modo que, em momento algum pude desconfiar que minha saúde estava comprometida, e estava correndo riscos. Talvez a única diferença que havia sentido fora de que, alguns dias antes da descoberta do problema percebi que me cansava com maior facilidade nas atividades do dia-a-dia, porém, até então, nada que fizesse eu me preocupar ou buscar intervenção médica.

Expressão: Quando aconteceu?

Kérison: Fui diagnosticado com insuficiência renal crônica em agosto de 2017, quando recém completados os 20 anos.

Expressão: Como tudo transcorreu?

Kérison: Tudo começou no dia 09 de agosto de 2017, às 08:45 da manhã, quando fui realizar os exames de rotina, ocasião em que, após análises e testes realizados com o sangue, fora constatado que ele estava extremamente alterado, com a creatinina muito acima dos valores de referência, o que era o bastante para constatar que havia algo de errado com os rins.

Com a ajuda dos profissionais da saúde do município de Itapiranga, de imediato fora agendada consulta logo para o dia seguinte, 10 de agosto, às 13:30 horas na Clínica Renal do Extremo Oeste. Na consulta com o médico nefrologista, o mesmo relatou que minha saúde estava muito debilitada (apesar de me sentir bem), e, com urgência internou-me para dar andamento aos exames necessários.

No primeiro exame de ultrassonografia, não fora encontrado nenhum rim, mesmo após uma longa procura, o que demandou então, o exame de tomografia que indicou a existência de um único rim e ainda ectópico pélvico (rim localizado perto da bacia), já em avançado grau de atrofia.

A partir daí tivemos a primeira resposta da causa dos exames alterados, e qual a ação a ser tomada para reversão do quadro clínico. Já na manhã do dia 11 de agosto daquele ano, implantaram o Cateter Venoso Central, para dar início às angustiantes sessões de hemodiálise.

Os três primeiros meses foram os mais desafiadores, diversas foram as alterações, talvez a mais difícil fora de aceitar a situação e enfrenta-la, mas também no organismo, pois o corpo estava sofrendo com as sessões, o sangue agora não era mais o mesmo, portanto, precisava ar e adequar-se à essa nova situação.

Entretanto, o mais difícil que se provava era manter a calma, pois não eram poucos os comentários sobre pessoas que realizaram transplante e não deram certo, ver pessoas sofrendo nas sessões com queda de pressão, mal-estares, até desmaios.

Porém, o apoio e carinho da família foram cruciais nessa jornada, com eles compartilhei as tristezas e os desafios dessa trajetória que não foi fácil, eles ajudaram a tornar o caminho mais leve e crer que a esperança gera frutos.

Hoje tudo ou e dou graças a Deus por isso, todo sofrimento, por pior que seja, sempre gera um aprendizado, serve para nos tornarmos pessoas melhores.

Expressão: Como funcionou a diálise? Onde era feita? Com que frequência? Por quanto tempo?

Kérison: A diálise basicamente consiste na implantação de um Cateter Venoso Central, que permite a filtragem de todo sangue do corpo, no qual, em um movimento contínuo o sangue é retirado, sofre a filtragem e retorna para o corpo.

Fiz hemodiálise durante 1 ano, 1 mês e 14 dias, com 03 sessões semanais (segunda, quarta e sexta) com duração de 03h30 cada sessão.

Expressão: Quando recebeu a notícia que necessitava de transplante renal?

Kérison: A informação de que necessitava de um transplante foi recebida no mesmo dia em que fui diagnosticado com insuficiência renal crônica, (10 de agosto de 2017), mas antes, era necessário ar pela hemodiálise, sem a qual não poderia realizar o transplante, pois o corpo precisava estar nas condições ideais para receber outro órgão.

Expressão: Qual foi sua reação?

Kérison: A notícia da necessidade de um transplante foi recebida com um suspiro de alívio, pois até o momento não havia certezas, somente dúvidas, tristeza e medo do futuro incerto.

Expressão: Houve tempo de espera?

Kérison: Sim! De imediato fora tentada a realização de transplante com doador vivo, no qual, meu pai seria o possível doador, entretanto, após a realização de toda a bateria de exames, constatou-se a impossibilidade da doação, e, assim sendo, entrei na lista para transplante, e após pouco mais de 01 mês de espera fui chamado para a realização da cirurgia.

Expressão: Onde foi realizado o procedimento? Quanto tempo durou?

Kérison: A cirurgia foi realizada no Hospital Regional do Oeste, em Chapecó, e teve duração de 4 horas, enquanto que a internação no pós-cirúrgico durou 5 dias.

Expressão: O órgão foi de familiar ou através da lista de espera?

Kérison: O órgão foi recebido de doador cadáver através de lista de espera.

Expressão: Como funcionou o pós-operatório?

Kérison: O primeiro ano pós-operatório exigiu bastante cautela, cuidados como evitar o sol, atividades que demandassem muito esforço abdominal, contato com animais de estimação, contato excessivo com pessoas de fora do círculo familiar, vez que, o corpo encontra-se fraco e, portanto, vulnerável a doenças infectocontagiosas, assim, uma gripe poderia ser o bastante para levar a rejeição do rim.

Expressão: Como é sua situação hoje? Realiza algum tipo de acompanhamento ou uso de medição específica?

Kérison: Hoje me sinto muito bem, inclusive, posso afirmar que me sinto melhor que antes do transplante, levo uma vida normal, com prática de exercícios físicos e alimentação baseada na mínima ingestão de sal e muita água.  O acompanhamento médico é realizado na Clínica Renal do Oeste, em Chapecó e faço uso contínuo de medicamentos imunossupressores, que tem como função de evitar a rejeição do rim transplantado.

Expressão: O que tem a dizer para pessoas que venham a ar pela mesma situação?

Kérison: Embora a frase “nossa saúde é nossa maior riqueza” possa parecer clichê, ela faz total sentido quando não a temos. Quando estamos diante de um problema de saúde todas as outras coisas são relativizadas e não assumem tamanha importância em nossa vida quanto muitas vezes as damos, bens materiais muitas vezes tão desejados perdem seu valor, tornam-se meramente órios, por isso, cuidemos do que realmente tem valor em nossa vida, cuidemos do nosso corpo e nossa mente.

Para quem está enfrentando a mesma situação ou vir a ar, vivamos um dia de cada vez, buscar renovar nossas esperanças em cada novo amanhecer, confiar em Deus, no tempo e nos profissionais médicos, buscar estar cercado das pessoas que gosta e não concentrar­-se demasiadamente no problema, busque conversar sobre outras coisas, ouvir uma boa música, fazer projetos e buscar a alegria e o amor que há nas pequenas coisas do dia-a-dia.

Doação de órgãos, um ato de generosidade com o próximo

Doação de órgãos é um ato nobre que pode salvar vidas. Muitas vezes, o transplante de órgãos pode ser a única esperança de vida ou a oportunidade de um recomeço para as pessoas que precisam. É fundamental que a população se conscientize da importância do ato de doar um órgão. Doar órgãos é doar vida.

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